Monday, February 23, 2009

Outloud

"Would you be the wind
To blow me home?
Would be a dream
On the wings of a poem?
And if we are walking through a crowd,
Well you know I'd be proud
If you'd call my name out loud
If you'd call my name out loud
Do you suppose that I would come running?
Do you supposed I'd come at all?
I suppose I would…"

I suppose I would...

Some fights are just not worth fighting...

E esta é uma delas!
Obrigado pelo esforço, mas passo... Fica para uma próxima oportunidade, pode ser?
Esta não vale a pena e não quero!

Wednesday, February 18, 2009

Bom dia...

- Vai um cafézinho?
- Hmmm... deixa estar, acho que hoje não preciso... As dores vão fazer o favor de me manter acordado!

Excruciating Pain

O pior cenário confirmou-se:
- Ricardo, se quiser recuperar toda a funcionalidade do dedo, vamos ter de operar!
- ... Então que seja o mais rapidamente possível!...
- Pode ser hoje à tarde?
- ... (glup...) Pode!

E assim foi... Parece que correu bem, apesar de um pouco assustadora!
- Dra., o pior deve ser agora, quando começar a passar o efeito da anestesia, não?
- Não! Não se preocupe que não vai doer muito!
E é nestas alturas que eu gostava de poder partilhar a dor... (- Que tal Dra., não dói muito?)
Ou então sou eu que sou um mariquinhas!

Thursday, February 12, 2009

Tragic Flaw

"The more things change, the more they stay the same. I’m not sure who the first person was that said that- probably Shakespeare or maybe Sting. But at the moment, it’s the sentence that best explains my tragic flaw, my inability to change. I don’t think that I’m alone in this. The more I get to know other people, the more I get to realize it’s kind of everyone’s flaw. Staying exactly the same, for as long as possible, standing perfectly still. It feels better somehow; and if you are suffering, at least the pain is familiar. Because if you took that leap of faith, went outside the box, did something unexpected, who knows what other pain might be waiting out there? Chances are, it could be even worse. So you maintain the status quo, choose the road already traveled and it doesn’t seem that bad- not as far as flaws go. You’re not a drug addict; you’re not killing anyone, except maybe your self a little. When we finally do change, I don’t think it happens like an earthquake or an explosion where all of a sudden we’re like this different person. I think it’s smaller than that. The kind of thing that most people wouldn’t even notice unless they look really really close, which thank god, they never do. But you notice it. Inside you that change feels like a world of difference, and you hope that it is, that this is the person you’ll get to be forever, that you’ll never have to change again." - Ephram, Everwood

É com as pequenas mudanças que conseguimos efectivamente mudar! Mudanças pequeninas, quase imperceptíveis ao olho desatento! Mas estão lá... E aos poucos vão fazer a diferença! Precisamos acreditar, ter paciência, e seguir o caminho... difícil sim, mas seguimos!
Vens comigo?... Há espaço para mais um!
E amanhã vai ser melhor! Vamos estar um pouco mais diferentes! E depois de amanhã! E depois de depois de amanhã!...
E voltamos a encontrar-nos ao longo do caminho!

Obrigação!

"«Sim, meu amor, está bem, meu amor, eu sei que tu tens razão», dizia-te eu às vezes para acabar com a discussão..."

Charros

Sou da opinião que em alguns dias se deviam distribuir charros no trabalho!
Peace&Love, Live and Let Live, No Problem!
Ambiente ZEN no trabalho... Somos todos amigos, está tudo bem, não há qualquer problema! Acho que seria uma franca melhoria para a produtividade! Um dia em que dizemos que sim a tudo! E em que nos dizem que sim a tudo! E tudo corre melhor!

Não queres trabalhar? É na boa!
Apetece-te dizer ao teu colega que o adoras? Tranquilo!
Queres discordar do que o teu chefe disse no outro dia? Aproveita!

Risk-free environment! Promessas...

Talvez numa outra vida... talvez num outro ambiente... talvez noutro trabalho!

Para já... Zen comigo próprio!!! E já não está nada mal! :D

Wake up...

... and smell the coffee!

E dormir, não? Para não ter de beber café! :P

Fingerless...

Experimentem "teclar" com menos um dedo! MUITO INTERESSANTE! Desafio curioso... Quando o "recuperar" como vai ser? «Será que podiam acrescentar umas teclas ao meu teclado? É que tenho um dedo a mais...»
A verdade é que isto atrapalha...

Alguém tem um dedo que me empreste?

(para quando a ligação directa ao cérebro? - basta pensarmos e aparece escrito no ecrã...)

Wait and you shall receive

Ou então:
"Good things come to those who wait!"

E assim fazemos... ou não! Porque há pressa para fazer o tempo passar!

"All you need is just a little patience..."

Operações...

Quando nos dizem que temos de ser operados ("Não se preocupe... é uma cirurgia pequenina, com uma anestesia local!") ficamos assustados! É inevitável! Por mais simples que seja, por mais pequena que seja... assusta! Afinal de contas, é só um dedo partido! "Se tudo correr bem durante esta semana, pode ser que não precise da cirurgia!" Como é mesmo que faço isso? É nestas alturas que decidimos que vamos ser certinhos!
Esta semana não há desporto para ninguém, para não correr o risco de bater com o dedo seja onde for! E esperar... pacientemente... Uma semana passa a correr!

Boa sorte para mim! Não quero ir à faca!

Seek...

and you shall find!

Monday, February 9, 2009

NUMB

I'm tired of being what you want me to be
Feeling so faithless lost under the surface
Don't know what you're expecting of me
Put under the pressure of walking in your shoes
(Caught in the undertow just caught in the undertow)
Every step that I take is another mistake to you
(Caught in the undertow just caught in the undertow)

I've become so numb I can't feel you there
Become so tired so much more aware
I'm becoming this all I want to do
Is be more like me and be less like you

Can't you see that you're smothering me
Holding too tightly afraid to lose control
Cause everything that you thought I would be
Has fallen apart right in front of you
(Caught in the undertow just caught in the undertow)
Every step that I take is another mistake to you
(Caught in the undertow just caught in the undertow)
And every second I waste is more than I can take

I've become so numb I can't feel you there
Become so tired so much more aware
I'm becoming this all I want to do
Is be more like me and be less like you

And I know
I may end up failing too
But I know
You were just like me with someone disappointed in you

I've become so numb I can't feel you there
Become so tired so much more aware
I'm becoming this all I want to do
Is be more like me and be less like you

Linkin Park - Numb

Sunday, February 8, 2009

"Tenho o dedo partido..."

"..., vou ao oftalmologista que isto está-me a fazer mal à pele!"

Thursday, February 5, 2009

Starting the day with a smile

Ter médico às 7 da manhã é violento!
Mas chegar lá e ser atendido com boa disposição e bom humor, é o suficiente para tornar o teu dia mais alegre! :D
Obrigado! Vou passar o dia com melhor postura (física) e mais bem-disposto! (como não estou muito... acho que se não fosse esta recepção, hoje seria um dia mau!)

Fingers...

A velha questão de só darmos importância às coisas que não temos? Confirma-se!

Eis que, após longos anos de paragem, volto às minhas funções de guarda-redes! Até aqui tudo bem! Até que volto também às lesões que apoquentam os jogadores desta posição! Isto de ter os dedos na direcção de uma bola extremamente dura rematada a uma força algo violenta não é muito saudável... E agora aqui estou, no 2º dia pós-trauma, com o dedo indicador da mão esquerda ainda bastante inchado! E apesar de ser apenas um dedo, ainda por cima na mão esquerda... AS LIMITAÇÕES SÃO GIGANTESCAS! Experimentem tomar banho só usando uma mão... Ou então apertar o botão da manga direita da camisa com a mão esquerda sem usarem o indicador...
NÃO É NADA FÁCIL!
Se calhar da próxima vez aqueço um bocadinho melhor as mãos... OU ENTÃO DEIXO A BOLA ENTRAR!

Monday, February 2, 2009

Cegos, Surdos e Mudos

Provérbio dos 3 macacos virado do avesso!
No original - cego (see no evil), surdo (hear no evil) e mudo (do no evil)! Na versão adulterada tudo é maldade!

E é nestas alturas que percebo que mais vale ficar calado!

"Anything you say can and will be used against you..." - or so they say...

Esforço, Dedicação, Devoção e Glória!

Lutamos quando vale a pena lutar por isso!
Lutamos quando nos pedem para lutar!
Lutamos quando nos mostram que querem ir à luta connosco!
Lutamos quando contam connosco nos bons e nos maus momentos!
Lutamos quando nos confidenciam os segredos mais macabros e assustadores - mesmo aqueles aos quais não sabemos muito bem como reagir, daqueles que nos fazem perder a cabeça e o rumo!
Lutamos apesar de saber que vamos cair, que vamos errar, mas que vão estar lá para nos apoiar e ajudar a levantar novamente!
Lutamos porque é difícil o caminho, cheio de obstáculos que temos de ultrapassar!
Lutamos porque acreditamos em nós, sabemos o que valemos e queremos descobrir o caminho!

Lutamos... porque não temos outra opção!

Não sei o que dizer...

Tento ouvir-te mas tenho a sensação que não é comigo que falas!
Dizes coisas que sabes não serem verdade! Fazes afirmações que eu sei serem mentira, e tu não apenas porque resolveste apagar isso da tua cabeça! Parece-me bem que o faças... Desde que acredites mesmo nisso!

Não me peças para lutar contra ti e contra mim ao mesmo tempo!
Not yet the time or the place...

Sunday, February 1, 2009

Uma palavra roubada nunca vem só...

... ou porque este post também vale a pena ler!

Acabar. Recomeçar.

Quem acaba uma relação conhece todo o processo que se lhe segue. Pode ser mais ou menos difícil, mais ou menos doloroso, mais ou menos complicado, mas a coisa não varia muito de caso para caso. Há o período das lágrimas (claro que isto depende muito de quem põe um ponto na relação), da falta de vontade de comer, da sensação de injustiça, das perguntas dramáticas ("porque é que ninguém gosta de mim, porquê, porquê?", "o que é que eu fiz para merecer isto?"), das certezas categóricas ("éramos feitos um para o outro", "se não for ele/a não é mais ninguém", "a minha vida sem ele/a não faz sentido"), e das promessas imperativas ("nunca mais me vou apaixonar", "nunca mais vou sofrer por amor", "nunca mais vou apostar tanto em alguém", "nunca mais quero uma relação").

Esta fase tem uma duração indeterminada, com picos de humor. Nuns dias pensa-se que a coisa está mais que ultrapassada, que foi melhor assim, que muitas outras oportunidades surgirão, que ainda bem que aquilo acabou porque, afinal, já nem se era assim tão feliz quanto isso e ainda há tanta gente nesse mundo para se conhecer, que somos pessoas muitíssimo especiais e que se ninguém dá valor a isso, azarucho. E há outros em que a tristeza nos acerta em cheio, tipo camião, baaaam, e se volta ao choradinho de sempre e ao nó no estômago (bem bom para a dieta), e às saudades, e à vontade de reconciliação, e ao sentimento kalimeriano ("devo ser mesmo uma merda para ninguém gostar de mim"). Às vezes estas variações de humor nem sequer duram dias. Em 24 horas passa-se por verdadeiras montanhas-russas emocionais, ai que agora estou tão bem, ai que agora estou tão na merda, numa esquizofrenia pegada.

Pelo meio disto, vai-se dando ouvidos a quem nos rodeia. Sim, que em alturas destas toda a gente tem sempre uma opinião a dar, sempre muito acertada, sempre muito segura, sempre muito "vai por mim que eu é que sei". E se uma pessoa não tiver dois dedos de testa (eu não tenho, lamento) para fazer uma triagem acertada de tanto conselho, acaba por dar em louca. Liga-lhe, não lhe ligues, mantém-te presente, afasta-te de vez, não percas a esperança, esquece que ele existe, faz uma surpresa, sê fria e bruta, sê querida e amiga, dá-lhe desprezo, mostra-te compreensiva, fura-lhe os pneus, ainda te vai surpreender, sempre soube que era um traste, dá-lhe espaço, não abras mão, ele volta, ele deve é ter outra.

Enquanto se pensa na atitude certa a adoptar, há dois caminhos a seguir:
1) Ficar em casa, entregue à solidão, com uma caixa de Kleenex ao lado, o dvd a passar comédias românticas que enfatizem ainda mais o drama que é a nossa vida. Recusar programas para sair, olhar para o telemóvel a cada 4 segundos, pensar que pode estar avariado e que é por isso que não toca, dar um salto à net para espreitar o messenger, voltar para cama e chorar mais um bocadinho. Tentar dormir para o tempo passar mais depressa. Acordar, não ver sinal de mensagem no telemóvel, voltar a chorar. Sair da cama apenas para o reabastecimento de lenços de papel. E para espreitar o messenger.
2) Ocupar todos os segundos do dia, agendar saídas de segunda a domingo, estar sempre a perguntar aos amigos se não há planos, marcar fins-de-semana, projectar viagens, ir dando sempre uma vista de olhos ao telemóvel, que isto nunca se sabe, quando uma pessoa menos espera é quando ele toca. Se o telemóvel puder ficar em casa, tanto melhor.
3) Eu sei que disse que havia dois caminhos a seguir, mas afinal há três, que é um misto dos dois primeiros. Conforme a disposição do dia, apetece que ninguém nos diga nada e nos deixem morrer sozinhos, numa valeta, ou então dá-nos para a hiperactividade e para a tal necessidade de estar sempre a fazer coisas para ocupar a mente.

Depois é o regresso ao mercado, que é como quem diz, voltar a ter encontros. Isso pode acontecer ao fim de uma semana ou só ao fim de muitos e penosos meses, conforme o nível de auto-estima e depressão. Quando se está infeliz e miserável pensa-se que é mesmo disso que se precisa. Novas pessoas, novas caras, novos corações, novas teorias, novas gargalhadas (ou então não, finca-se pé na tal ideia atrás referida que se não é ele/a então não é mais ninguém, e não há volta a dar). E, quando se está melhorzinho, também.
Quando uma relação acaba o universo põe-se em movimento. Pensa-se em casos passados, dá-se uma vista de olhos à lista de contactos, fazemos um esforço de memória para pensar em quem é que nos arrastou a asa nos últimos seis meses. As amigas percorrem a lista de conhecidos que podem ser potenciais novos amores. Pedem aos maridos e namorados que arranjem alguém para a amiga encalhada. "Eh pá, tinha alguém mesmo perfeito para ti, mas parece que arranjou namorada há dez minutos. Que pena". Ou "não arranjes ninguém, tenho o homem da tua vida. Tem 1,50m... há problema?".

Voltar ao mercado dá trabalho. Não só porque as exigências são cada vez maiores (a minha lista, pelo menos, é interminável), mas porque, e sobretudo, também há cada vez menos gente que corresponda àquilo que se quer. E também há muito, mas menos muito pachorra. Descobrir alguém é a melhor coisa do mundo. Os primeiros cafés, jantares, idas ao cinema. Os primeiros beijos, se a coisa correr mesmo muito bem. Mas também dá uma trabalheira desgraçada, e acho que é isso que me faz pensar que mais vale ir directamente para freira carmelita. Voltar a contar a nossa vida toda, os nossos gostos, os nossos objectivos de vida, em que infantário se andou. O bom de uma relação de algum tempo é que já se conhece a outra pessoa, já há cumplicidade, intimidade, compreensão, amor e amizade. Voltar recorrentemente à estaca zero é extenuante, é como se nos enfiassem numa montra e agora vá, vende-te, explica lá mais uma vez porque é que és uma boa escolha para a vida, porque é que alguém deve pegar em ti e levar-te para casa.

Quando uma relação chega ao fim (é disso que se tem estado a falar, só para não perderem o fio à meada) é fácil cair no desespero. Marcar 4 encontros por semana, fazer sexo tresloucado com o(s) primeiro(s) que se chegar(em) à frente, procurar o amor em cada esquina, dar com a cabeça nas paredes, ficar ainda mais miserável e só do que aquilo que se estava antes porque, já se sabe, tentar substituir o amor por sexo raramente tem bons resultados práticos. Claro que há aqueles casos muitíssimo raros e exóticos (eu conheço um ou outro e são a minha fonte de esperança e inspiração) de gente que acaba uma relação com alguém por quem era capaz de morrer e, ao fim de uma semana, tufas, aí está um novo amor, ainda maior, correspondido e que pode ser muito bem O verdadeiro amor, the one and only.

E há quem seja mais calmo, ponderado, seja porque acredita nas virtudes do tempo e das atitudes racionais, seja porque ainda tem esperança que a antiga relação renasça das cinzas. Vai ficando ali, "não, obrigada, não aceito sair contigo porque ainda não ultrapassei toda a minha dor, o meu período kármico, e não há qualquer possibilidade de me vir a interessar por ti nem por ninguém, pelo menos nos tempos mais próximos. Desculpa". E, óbvio, há quem não seja nem tanto ao mar, nem tanto à terra, e que, mesmo achando que dificilmente se voltará a encontrar alguém especial a curto prazo, também não fecha portas, mais não seja porque fazer amigos é sempre bom, mais não seja porque dar um ou outro beijinho na boca é bom e faz bem à saúde (sem compromisso algum), mais não seja porque se não se conhecer gente nova e não se fizer por isso, então é que não há mesmo possibilidade de o amor bater à porta e nós estarmos lá para abrir, knoc knoc. Gosto de acreditar que estou neste lote, o das pessoas relativamente equilibradas mas prontas a cometer uma qualquer loucura, se se proporcionar, se me apetecer, porque não?

O que eu sei, à conta de tantas vezes ter pegado no coração e o atirar contra uma parede, é o que toda a gente sabe mas poucos acreditam. Tempo. É a cura, é a solução, é a luz ao fundo do túnel. O que se vai fazendo com ele é que é pior. Eu não sou exemplo para ninguém, que tantas vezes (vezes demais) tenho preferido usar o tempo para me impacientar e lamentar a minha sorte, em vez de me dedicar a pensamentos e atitudes mais positivas. Mas, de alguma forma, a coisa mudou. A cada desgosto de amor já não tenho vontade de cuspir no olho de cada ser que me diz "isso vai lá com o tempo. Tudo passa, tudo se esquece. Isso agora é tempo". Pois é. E é um alívio saber disso (o que é diferente de achar que é fácil viver com isso). Perfeito, perfeito era se se soubesse QUANTO tempo. Quanto tempo até voltarem as borboletas no estômago (em vez do cabrão do nó), até já não se ter vontade de gritar a quem nos amarfanhou a alma (só se tem vontade de gritar e dizer coisas más enquanto ainda se gosta, depois já nem nos lembramos disso), até se saltar da cama com vontade, até se estar pronto para partir a cara mais uma vez. Ou talvez não, que há relações de sorte.
Podem encontrar o post aqui!

Portas encostadas...

Liguei o computador para escrever sobre o amor. Vinha cheia de ideias, sentimentos, frases tão feitas e tão inspiradoras que nem o nevoeiro-à-D. Sebastião que paira sobre Lisboa as conseguiria dissipar. Até que me deparei com a folha em branco, o cursor a piscar, insistente, a pedir palavras. E percebi que isso era o mais fácil. Escrever sobre o amor, viver com amor, acordar e dormir com amor, é o mais fácil. A partir do momento em que se tem, é tudo de uma facilidade relativa. Difícil é viver sem ele

Nada de equívocos, nada de vozes contestatárias. Partilhar a vida - sei-o eu, sabemos todos -, não é pêra doce. Não é com moeda ao ar que se decide quem vai primeiro para o duche de manhã, quem trata da loiça, quem leva o cão à rua quando os termómetros mal roçam aos valores positivos. Não é de cara alegre que se dá o braço a torcer, que se engolem sapos do tamanho de prédios de três andares, que se ensaia um pedido de desculpas. Não baixa em nós, subitamente, um manto de altruísmo que faz com que a divisão e a partilha se transformem na oitava maravilha (no tempo em que só havia sete, agora perdemos-lhe a conta), operações tão simples de realizar que até dão gosto.

Ter amor, viver com amor, fazer com que as coisas resultem, dá trabalho. Chatices pegadas. Discussões de bater com a porta. Ralações que nos levam minutos de vida saudável. Mas, não me lixem, não é, nunca será pior, que não ter ninguém. Já se sabe que há quem goste, quem viva assim por opção, sobre esses estamos conversados. Mas querer e não ter, procurar e não saber onde se encontra, viver com a solidão como inquilina, não é coisa que se deseje por tempo indeterminado.

É boa a sensação de ter a casa por nossa conta por um dia, uma semana. É bom pôr fim a uma relação que nos consome, ficar em silêncio. É aceitável jurar a pés juntos que não nos voltaremos a meter noutra, pelo menos enquanto a memória ou dor causada pela última ainda estiverem demasiado avivadas. O problema é que passa. O chavão que ninguém quer ouvir, sobretudo quando tem o coração mais passado que carne picada, faz sentido: não há nada que o tempo não cure. Mesmo que não se saiba o que fazer com esse tempo. Pior, mesmo que não se saiba quanto tempo dura esse tempo. Há sempre um dia que se acorda e já passou. E estamos, de novo, disponíveis no mercado das relações. Mais velhos, menos fantasiosos, mais experientes, mais de pé atrás, mais ou menos disponíveis, mas de novo no mercado. E a roda volta a girar.

Não sou uma descrente. Não digo, como escreveu o Miguel Esteves Cardoso numa crónica tão fatalista quanto brilhante, que o amor fechou a porta. Que já ninguém se apaixona de verdade. Que já ninguém quer viver um amor impossível. Que já ninguém aceita amar sem uma razão. Que a paixão, que deveria ser desmedida, é na medida do possível. Que os namorados de hoje são embrutecidos e cobardes, incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia. Isto tudo disse ele, génio das palavras, não eu. Se calhar é porque tenho amor na minha vida, estou na fase cor-de-rosa. E porque vivi ainda pouco, mas o suficiente para saber que a porta do amor nunca se fecha. Está é encostada. Pelo menos, dá-me mais jeito pensar assim.

É preciso já ter vivido com amor, com paixão estúpida, para saber como é a vida sem eles. Para lhes dar valor quando nos entram pela porta só encostada, quase sempre sem se fazerem anunciar. É preciso já ter sentido vontade de morrer - que é diferente de sentir vontade de nos matarmos, que amores à Romeu e Julieta não há assim tantos. É só aquela coisa de não se estar bem em lado nenhum, de ver o amor em todos os sítios menos ao nosso lado. Aquela coisa de não ter vontade de saltar da cama. A sensação que há uma nuvem cinzenta localizada em cima da nossa cama, a largar chuva dia e noite. Não ter fome, não ter frio, não ter nada. Só aquela bola imensa que vai da garganta ao estômago, que não desaparece nem por nada. E a certeza, tantas vezes absoluta, que nunca mais se voltará a ser feliz, intercalada com a outra certeza, aquela que diz que assim é que se está bem, num processo de verdadeira esquizofrenia que vai do riso à lágrima em menos de três segundos.

Viver sem amor, com a alma em suspenso, não é mal que se deseje a ninguém, (não vá o feitiço virar-se contra o feiticeiro, e depois é que são elas). Porque, em bom português, é uma merda. Devia constar dos censos e tudo. Gostava que as pessoas que mandam nisto se dedicassem a ver quantas pessoas vivem sem amor. Quantas são menos produtivas à conta disso. Quantas encarecem o sistema nacional de saúde, com depressões, ataques de pânico e afins. E quantas é que não prefeririam uma cara-metade a um aumento de salário. Chegue eu um dia ao governo e uma das primeiras medidas será essa: amor para toda a gente, dê lá por onde der.

O amor faz falta pelas coisas mais comezinhas. Para ter alguém com quem ir almoçar. Para provocar uma discussão quando a vida corre mal e se quer descarregar em cima de alguém. Para festinhas na alma. Para dividir as contas. Para mostrar à família que, afinal, há alguém que nos pegue. Para se poder usar um vestido de noiva. Para se ter um ar respeitável e acabar com a imagem de estroina. Para combater o medo do escuro. Para ter sexo com frequência. Para ter sempre um ombro onde chorar. Para nos sentirmos completos. Não é isto, tudo isto e ainda mais, que dá sentido à vida?

Longe de mim a postura messiânica, estar para aqui a pregar das virtudes do amor. Cada um é como cada qual. Se calhar há mesmo quem nunca vá encontrar alguém. Se calhar há mesmo quem nunca tenha conhecido o amor e não precise nem queira. Se calhar há mesmo quem hasteie a bandeira da solidão e a faça abanar ao vento, orgulhosamente. Se calhar há quem não precise de mais companhia que da dos livros, dos filmes, de um cocker spaniel. Mas eu, que tenho amor e que sei como é não ter, não quero andar para trás. Que ninguém me tire os beijos, os amuos, os abraços, as discussões, a contagem de segundos até o ver outra vez. E como eu há muita gente. É por isso que, a quem vive com as dificuldades típicas de quem não tem amor, reforço que a porta está só encostada. Que o tempo, aquele tempo, vai passar, e o amor não tem por que não entrar aos atropelos. Que “o amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita. Não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar. O amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe”. Diz o MEC. E digo eu.

by Ana Garcia Martins (aka Pipoca) in Lux Frágil nº5 (ou aqui ou aqui)

"O chavão que ninguém quer ouvir, sobretudo quando tem o coração mais passado que carne picada, faz sentido: não há nada que o tempo não cure. Mesmo que não se saiba o que fazer com esse tempo. Pior, mesmo que não se saiba quanto tempo dura esse tempo. Há sempre um dia que se acorda e já passou. E estamos, de novo, disponíveis no mercado das relações. Mais velhos, menos fantasiosos, mais experientes, mais de pé atrás, mais ou menos disponíveis, mas de novo no mercado."
"É só aquela coisa de não se estar bem em lado nenhum, de ver o amor em todos os sítios menos ao nosso lado. Aquela coisa de não ter vontade de saltar da cama. ... E a certeza, tantas vezes absoluta, que nunca mais se voltará a ser feliz, intercalada com a outra certeza, aquela que diz que assim é que se está bem, num processo de verdadeira esquizofrenia que vai do riso à lágrima em menos de três segundos."

Há momentos na vida difíceis. Muitos deles por causa do amor, da falta de amor, de amor não-correspondido, de amor incompreendido, de amor ausente, e por aí em diante. Mas queremos (ou será "temos de"?) acreditar que o amor é possível e vencerá no fim! Com esta ou aquela pessoa... desde que o amor esteja lá e nos faça viver tudo mais intensamente!